Nota técnica divulgada por grupo de pesquisadores de universidades brasileiras e portuguesa ainda aponta que a capital pode chegar a 10 mil mortes até setembro
Na nota, os pesquisadores projetam a quantidade de mortes por covid-19 no DF até setembro, a depender da quantidade da população vacinada. Se apenas os habitantes acima de 60 anos estiverem imunizados até lá, a capital federal atingirá cerca de 10 mil mortos pela doença. O cenário muda para pouco mais de 8 mil óbitos caso toda a população seja vacinada.
O professor Tarcísio Marciano — do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB) e um dos integrantes do grupo — esclarece, no entanto, que a projeção de todos os habitantes vacinados é otimista em excesso.
“Vamos demorar para vacinar toda a população. Mas, no ritmo atual, ainda vai morrer muita gente até a vacinação começar a impactar. Se chegarmos à metade da população vacinada em setembro, será um milagre. Por isso precisamos de lockdown e vacinação”, afirma. “Nos desafios, supomos 50 milhões de doses por ano, que será a produção total quando a Fiocruz e o Butantan estiverem a pleno vapor”, explica o pesquisador.
Segundo Tarcísio Marciano, com o estágio avançado em que a pandemia se encontra hoje, a vacinação não evitaria o crescimento dos casos. É por isso que, na nota, o grupo previu basicamente a mesma quantidade de pessoas infectadas no DF, independentemente da parcela da população vacinada. No caso das mortes, há diferença entre os cenários porque “vacinando primeiro os idosos, protegemos quem mais morre”, destaca o professor.
Segundo Tarcísio, é ilusão que a pandemia será resolvida rapidamente com o início da imunização. “É preciso vacinar quase toda a população, inclusive crianças. Senão, estaremos apenas diminuindo a intensidade da pandemia e continuaremos com ondas repetitivas. Sem falar na possibilidade de que novas cepas reinfectem quem já teve a doença, como acontece com a gripe”, ressalta.
As notas técnicas produzidas pelo grupo não têm periodicidade fixa. Desde o início da pandemia, foram produzidas mais de 10 e, agora, a equipe está fazendo também notas para cada um dos estados e o Distrito Federal.