(Uol Economia) – Após seguidas declarações controversas sobre o combate ao coronavírus no Brasil, o empresário Carlos Martins, fundador das escolas de inglês Wizard, anunciou que não vai mais colaborar com o Ministério da Saúde. Até então, ele era conselheiro do atual ministro, general Eduardo Pazuello, e seria nomeado para a secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Para o antropólogo Fred Lúcio, professor da ESPM/SP, participações polêmicas de empresários na vida pública podem afetar os negócios. “Líderes que são, alguns empresários acabam extrapolando suas áreas de conhecimento. Muitas vezes isso acontece por vaidade, Outras vezes por causa de um alinhamento político e ideológico”, afirma.
Martins, defensor da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19, chegou a afirmar que o Brasil está vivendo “quatro guerras simultâneas” (contra o coronavírus e as lutas econômica, midiática e política) e acusou gestores públicos de aproveitarem a pandemia para atrair mais recursos para os seus estados e municípios, ao inflarem o número de mortos.
“Os empresários precisam saber qual é o lugar deles. Não é falar sobre política: é garantir que as estruturas sejam favoráveis aos seus negócios. Neste cenário, há a imbricação dos interesses econômicos com os de mercado. Eles precisam saber separar a visão deles e das empresas”, diz o professor.
A nova dona dos cursos de inglês Wizard, a rede britânica Pearson (pagou R$ 2 bilhões em 2013 ao empresário Carlos Martins), fez questão de salientar que “não há qualquer vínculo da Wizard com o empresário (seu fundador), assim como com nenhum governo nem com partidos políticos.