Reabertura do comércio no DF em meio à escalada da pandemia divide opiniões

Governador Ibaneis Rocha confirmou que alguns setores do comércio voltarão a funcionar na segunda-feira. No entanto, casos e mortes por covid-19 no Distrito Federal mantêm trajetória de alta. Para especialista em saúde, iniciativa é arriscada

 (crédito:                Ed Alves/CB/D.A Press                     )

 

(Correio) – Em meio ao aumento do número de casos e das mortes pela covid-19 no Distrito Federal, os setores econômicos se prepararam para voltar às atividades na segunda-feira. Lojas e estabelecimentos comerciais poderão abrir as portas, mas com horários de funcionamento reduzidos e em cumprimento a uma série de protocolos. O toque de recolher das 22h às 5h segue em vigor, segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB). Para especialista em saúde ouvida pelo Correio, este não é o melhor momento de reabrir o comércio, e a iniciativa é arriscada.

Ontem, entidades do setor de bares e restaurantes enviaram um ofício ao governador, para pedir a ampliação do horário de funcionamento desses estabelecimentos até as 22h. Bianca Ferreira, 22 anos, administra uma loja de roupas e cosméticos há quatro anos em Taguatinga Norte e precisou se readaptar durante para manter os negócios. Dos dez funcionários da empresa, quatro foram demitidos. “Quando estava tudo funcionando, conseguíamos vender cerca de R$ 2 mil por dia. Agora, se tirarmos R$ 200, é muito. Seguiremos todas as medidas, e nossa expectativa é de que tudo melhore”, comentou.

Leandro Nunes, 35, é dono do restaurante Le Parisien, na 103 Norte. Desde o começo das novas restrições, o estabelecimento sofreu consideráveis perdas no faturamento. Para sobreviver à crise, o empresário teve de diminuir a equipe de funcionários e adotar um sistema de delivery. “Criamos novos pratos e lanches específicos para essa nova demanda. Com a reabertura, esperamos que os clientes voltem a frequentar o restaurante, mas com um público reduzido”, afirmou. “Esperamos, um dia, conseguir voltar a encher nossas casas, cobrir os prejuízos e sobreviver a essa terrível fase que estamos passando, de crise sanitária e financeira”, completou.

Alerta

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, afirmou que não teve resposta do chefe do Executivo local, por enquanto. “Nossa expectativa é de que o horário (de funcionamento) seja ampliado. Muitos restaurantes só funcionam no período noturno e, com a limitação até as 19h, muitos estabelecimentos ficariam no prejuízo”, frisou. Ainda assim, Jael Antônio considera que o fechamento mais cedo também acarretará em prejuízos aos funcionários. “Muitos trabalham à noite e seriam dispensados. Temos de destacar a despesa que os empresários teriam também, pois o melhor faturamento é no jantar.”

Com a alta no número de mortes, o DF não conseguiu ver os resultados das medidas restritivas, segundo a especialista. Com a reabertura, ela prevê um aumento nos registros de infecções. “Abrir de forma temporária ou intermediária, agora, pouco vai ajudar, porque continuaremos tendo população nos ônibus e em outros lugares. A ideia das medidas é diminuir a circulação das pessoas, mas estamos fazendo o contrário”, pontuou Carla.

Mudanças

Confira como funcionará o comércio do DF a partir de segunda-feira:

Por setor
Academias: das 6h às 21h
Comércio de rua: das 11h às 20h
Clubes recreativos: das 6h às 21h
Bares e restaurantes: das 11h às 19h
Agências de viagens: das 10h às 19h
Cultos, missas e rituais: sem horário pré-determinado
Atividades coletivas de cinema e teatro: sem restrição
Eventos em estacionamento ou drive-in: sem restrição
Shopping centers e centros comerciais: das 13h às 21h
Salões de beleza, barbearias, esmalterias e centros estéticos: das 10h às 19h
Supermercados: horário definido em alvará, respeitando o toque de recolher

Atividades 24 horas
Hospitais;
Farmácias;
Funerárias;
Postos de gasolina;
Clínicas médicas e veterinárias.

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