Por Aguinaldo Novo – editor de economia
(Estadão) – Criticado por ainda não ter tirado do papel uma pauta de privatizações mais robusta, o governo promete reduzir o atraso nesta semana, com uma bateria de concessões em diversas áreas. De quarta-feira, dia 7, a sexta-feira, o objetivo é leiloar 22 aeroportos hoje operados pela empresa pública Infraero, cinco terminais portuários (quatro em Itaqui e um em Pelotas) e o primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre Ilhéus e Caetité, na Bahia – um projeto em obras desde 2011 e que ainda recebe críticas de ambientalistas.
Se tudo der certo, a equipe econômica conta com a arrecadação de R$ 10 bilhões em novos investimentos durante o que foi batizado de Infra Week.
Trata-se de uma meta ousada por uma série de razões. É mais do que todo o orçamento do Ministério da Infraestrutura destinado a obras neste ano, em torno de R$ 7 bilhões. O número de projetos que serão oferecidos ao setor privado em uma semana também contrasta com o quadro de 2020, quando o ministério organizou o leilão de nove ativos.
A principal questão, porém, tem a ver com o timing dos leilões. Segundo analistas, são tempos de instabilidade política e crescente preocupação com os rumos da política econômica do País, o que em tese poderia tirar ou reduzir o apetite dos investidores mais desconfiados.
Em entrevista ao Estadão, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freias, rebateu o pessimismo. Para ele, juros baixos em economias desenvolvidas e o real depreciado no País formam um cenário interessante para quem é de fora e está atrás de projetos de longo prazo.