- Dizer “não” no trabalho é um sinal de respeito aos limites do corpo, segundo especialistas ouvidas pelo 6 Minutos.
- A busca por autoconhecimento e a participação ativa das empresas no bem estar dos funcionários é fundamental para resultados mais positivos e pessoas mais felizes.
“Esse tipo de atitude encoraja as pessoas a admitirem que têm fraquezas, que são seres humanos. Se até a melhor do mundo, que se preparou e esperou quatro anos para as Olimpíadas, está dizendo que não dá conta, por que nós não podemos falar ‘não’? Eu vejo como uma excelente forma de encorajar as pessoas a assumirem suas vulnerabilidades e se colocarem em primeiro lugar”, afirma Moraes.
Quais os sinais de que é hora de parar? Não existe uma regra, cada um apresenta sinais diferentes. O segredo é o autoconhecimento para perceber quando a situação está fugindo do controle. Mesmo sem uma lista certa de sintomas, as especialistas elencam alguns que são comuns: baixa autoestima, agressividade, irritabilidade, problemas de memória, falta de motivação, procrastinação excessiva e incômodos físicos, como dores de cabeça e insônia.
“Às vezes as pessoas vão se acostumando com os sintomas, mas isso não é certo. O foco precisa ser prestar atenção em nós mesmos. Se a situação está se prolongando demais, vale a pena procurar um profissional para tentar entender o que está acontecendo”, afirma Jacqueline Resch, consultora e sócia-diretora da Resch RH.
Para Resch, a inteligência emocional é fundamental para evitar esgotamento mental e o grande perigo é que mesmo o profissional que gosta do trabalho que faz sucumba a pressões excessivas. “É um sinal de saúde mental poder dizer ‘chega’. Acho que temos que tomar cuidado com a sedução de que podemos tudo, da onipotência. Uma hora não dá mais”, afirma.
Outras indicações são praticar exercícios físicos e buscar ajuda especializadas, como mentorias, coaching e até mesmo terapia. Já que não tem recursos para investir, pode buscar por conteúdos e cursos gratuitos na internet.
Como as empresas podem ajudar o funcionário? O empregador deve sempre manter o diálogo aberto e acompanhar as atitudes dos colaboradores. Se uma pessoa que era muito motivada muda de comportamento e começa a ter problemas nas entregas, por exemplo, é hora de ficar alerta.
Para as especialistas, as empresas estão se tornando cada vez mais abertas e preocupadas com a saúde mental dos funcionários. “Esse movimento começou há uns 10, 15 anos, e a pandemia cristalizou essa onda. Percebemos que as empresas também podem ajudar a construir ambientes melhores, despertar o protagonismo de cuidado nas pessoas e, consequentemente, conseguir um aumento de produtividade”, afirma Machado.
A cultura de dizer “sim” para tudo tem muito a ver com a forma como gerações anteriores trabalhavam e viviam. Os baby boomers (entre 60 a 80 anos) e a geração X (entre 40 a 60 anos), por exemplo, viveram crises mais intensas, com períodos de guerra e inflação descontrolada.