“O vírus nos ensinou muita coisa,
mas o aprendizado também depende do aluno
Síntese dos aprendizados citados pelo sociólogo em entrevista exclusiva para a revista Você, da Abril:
1. A natureza é potente. O Homem ainda não a conseguiu vencer, demonstrando que ele não tem toda a força que achava ter. É ilusão acreditar que o Homem possa vencer a natureza; basta um morcego chinês para colocar o mundo em uma situação terrível como a que estamos vivendo.
2. Antes tínhamos muito espaço e pouco tempo. Agora temos o oposto: muito tempo e pouco espaço, pois estamos trancados em casa.
3. O vírus nos ensinou a importância das coisas essenciais; fez-nos compreender que a vida e a saúde são necessárias e que a democracia também é, assim como a economia.
4. Também nos fez entender a fragilidade das pessoas mais velhas, das pessoas mais pobres e dos sem-teto. Esta pandemia, na Itália, fez-nos compreender a importância do Estado democrático, que se torna solidário a todos. Fez-nos entender que o bem-estar social é importante, assim como a saúde pública. Na Itália, todos os que foram salvos, foram salvos pela saúde pública e não pela saúde privada. Morreram 140 médicos salvando vidas, e todos da saúde pública, nenhum médico da rede privada.
5. Fez-nos entender a importância do trabalho voluntário e do terceiro setor, que entendamos a importância da competência, é importante a competência dos virologistas, pois são eles quem nos dizem o que é preciso ser feito.
6. Mostrou-nos a importância da tolerância; precisa-se ser tolerante com quem erra por não ter experiência.
7. Mostrou-nos a importância da comunicação, que é fundamental em um momento de pandemia; ela não deve ser nem excessiva nem escassa, dever ser pontual e tempestiva.
8. Ensinou-nos, por fim, a importância da socialdemocracia em contraponto ao neoliberalismo.
Veja, o vírus nos ensinou muitas coisas, mas isso não significa que aprendemos. O aprendizado não depende apenas do professor, mas também do aluno.