Será a primeira alta desde 2015 e o início de um maior aperto monetário em 2021. As projeções da última edição do Boletim Focus, relatório semanal com expectativas de analistas de mercado, apontam para uma Selic de 4,50% ao fim do ano.

Os reflexos do provável aumento dos juros no Brasil, após uma sequência de quedas podem ser percebidos em várias áreas: do financiamento da casa própria à dívida do governo, passando pelo desempenho dos investimentos.

— Os juros mais altos aumentam o custo do crédito no mercado. Então isso pode impactar negativamente a tomada de um financiamento ou aumentar o endividamento de alguém que já tenha algo atrelado à Selic. Em primeiro momento, a decisão do Copom será uma sinalização do BC. Ao longo do ano, vamos conseguir ver como ficará a situação dos juros, levando em conta a tendência de altas — explica Adriel Monçani, assessor de investimentos da Ável.

Alguns efeitos já poderão ser sentidos no curto prazo e outros ao longo do ano, à medida que a Selic continue a aumentar. Entenda em cinco pontos o impacto da alta da Selic na economia brasileira:

1 – Financiamento Imobiliário

Os empréstimos imobiliários são uma das linhas de crédito mais rapidamente afetadas pela alta da Selic. Apesar da pandemia, o setor teve crescimento no ano passado, motivado justamente pelos juros baixos e pelo maior incentivo para a aquisição de imóveis para moradia ou investimentos.

Os financiamentos imobiliários com recursos das cardenetas de poupança atingiram R$ 17,47 bilhões em dezembro de 2020, maior volume desde julho de 1994, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Acebip).

Ainda de acordo com a Acebip, o montante total financiado no ano passado atingiu R$ 123,97 bilhões, alta de 57,5% em relação a 2019.

A alta dos juros dificultaria o acesso a esse crédito, aumentando também o endividamento de alguém que já tomou empréstimo. Como o setor está aquecido no momento, o impacto maior será sentido ao longo do ano, com as projeções dos novos aumentos da Selic.

2 – Rentabilidade dos Investimentos

Com a queda dos juros, muitos poupadores brasileiros migraram para a renda variável ou ao menos diversificaram sua carteira, em busca de maior rentabilidade. No ano passado, a B3 registrou aumento do seu número de clientes, superando a marca das 2,5 milhões de pessoas.

Com o aumento da Selic, os títulos da dívida pública, que são mais seguros, devem apresentar uma rentabilidade maior que a atual. O mesmo ocorre com os rendimentos da categoria renda fixa e pós-fixadas, que acompanham as taxas de juros.