Decisão judicial mantém toque de recolher e horário limite para venda de bebidas no DF

Justiça Federal suspende, a partir de quinta-feira (1°/4), efeitos do decreto que autoriza funcionamento de atividades comerciais no DF.

Terça-feira (30/3), a capital teve recorde de mortes, com 94 vítimas em 24 horas.

Governador anunciará se vai entrar com recurso contra a determinação.

(Correio) – No dia em que o Distrito Federal alcançou o triste recorde de 94 mortes por covid-19 registradas em 24 horas — a maior quantidade desde o início da pandemia — a Justiça Federal determinou a volta das medidas que restringem atividades comerciais e serviços. A partir de quinta-feira (1°/4), as normas que estavam em vigência até domingo (28/3) voltam a valer, caso não haja decisão contrária por parte das instâncias superiores.

A determinação não altera o toque de recolher das 22h às 5h ou a proibição da venda de bebidas alcoólicas após as 20h. No entanto, a magistrada acatou o pedido de unificação dos critérios de teletrabalho de servidores públicos e pela apresentação de medidas de fiscalização por parte da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no DF. Ao Correio, Ibaneis afirmou que decidirá nesta quarta-feira (31/3) se entrará com recurso contra a decisão.

Pelo quinto dia consecutivo, o DF bateu recorde na média móvel de mortes. O índice chegou a 58,4 — aumento de 133,6% em relação ao resultado de 14 dias atrás. A média móvel de casos, por outro lado, caiu 7,26% na comparação com o indicador de duas semanas atrás. Diante do grave cenário, especialistas cobram restrições mais severas e preparação do sistema de saúde.

Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), calcula que este foi o mês mais letal do DF desde o início da pandemia. “Em agosto, o pior período que tínhamos até agora, houve 1.052 registros de mortes. Neste março, que ainda não terminou, foram 1.074 óbitos. Resumindo, estamos no pior mês”, destaca o especialista.

O professor ressalta que, neste período, é essencial que haja abertura de leitos em UTIs voltadas ao tratamento da covid-19. Na tarde de terça-feira (30/3), a rede pública de saúde chegou a operar com 96% de ocupação de vagas. Na rede privada, a taxa chegou a 99%. Na fila de espera, por volta das 19h, 391 pessoas aguardavam transferência. Desses pacientes, 284 estavam com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus.

Negacionismo

Para a infectologista Joana D’Arc Gonçalves, o momento cobra investimento em mais restrições. “Entendemos a dor e o sofrimento de quem está sem trabalho, mas, neste momento, a dor maior é ver pessoas morrendo ou sequeladas por causa da covid-19”, afirma. Para ela, a reabertura do comércio e das atividades não essenciais pode impactar na piora da situação nos próximos dias. “Precisamos de um lockdown de verdade, total”, cobra a médica.

A especialista pede, também, que a população tenha mais consciência. “Sabemos que todos estão cansados, exaustos dessa pandemia, mas precisamos seguir as medidas de segurança e os protocolos sanitários. Só assim vamos sair dessa situação”, alerta. Além do pedido, Joana critica: “Não fizemos o que deveria ser feito. Temos um negacionismo muito forte, mas preciso frisar que não estamos confortáveis. Este não é o momento de achar que está tudo bem. Os hospitais estão lotados”, completa.

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