Natura usa IDH próprio para criar melhorias para 1,2 milhão de revendedoras

(Uol) – O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulga anualmente o Relatório do Desenvolvimento Humano (RDH), que contém dados e análises sobre questões como acesso da população a direitos como saúde e educação em todo o mundo. Mas o que sempre chama mais atenção no relatório é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), famoso ranking que gera notícia toda vez que o Brasil sobre ou desce degraus – na última edição, divulgada em dezembro, o país caiu cinco posições e ficou em 84. entre 189 países.

Além do RDG Global, existem os RDHs nacionais, que são temáticos e feitos esporadicamente. O Brasil realizou esses relatórios em 1996, 2003, 2005 e 2009. No último ano, para se definir o tema, que foi a importância dos valores humanos no alcance do desenvolvimento, houve uma extensa campanha com o apoio de algumas empresas brasileiras.

Uma delas foi a Natura. Ao participar dessa iniciativa, a companhia se aproximou do universo do IDH e passou a “questionar a própria influência no mundo por meio dessa visão”, nas palavras de Penélope Uiehara, diretora de marketing de relacionamento da empresa. O IDH é uma ferramenta criada em 1990 para medir progresso das nações sem ter indicadores escancaradamente econômicos, como o PIB, no centro da questão. A Natura queria, então, adaptar esse índice para avaliar a qualidade de vida de suas revendedoras, as chamadas consultoras Natura.

Em 2013, Flávio Comum, economista e consultor do PNUD, desenvolveu, a partir de paradigmas da ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano de Consultoras e Consultores Natura (IDH-CN). Ou seja, a metodologia original do IDH foi adaptada para fins corporativos. “A intenção principal era entender se ser consultora Natura traz algum benefício para o desenvolvimento humano dessas profissionais”, resume Uiehara.

Como funciona

O IDH-CN considera três áreas: trabalho, educação e saúde. Cada uma gera uma nota, de zero e a um, como o IDH original. Ela têm peso igual e, juntas, formam o resultado final. “Além disso, utilizamos KPI’s (sigla em inglês para indicador-chave de desempenho, uma ferramenta de medição de gestão) na avaliação das ações sociais. O levantamento é realizado bienalmente desde 2017 e ajuda a entender diferenças regionais, diz Uiehara, que ressalta que os dados são avaliados localmente, para se obter um resultado mais preciso da realidade das trabalhadoras não só do Brasil, como também da Argentina, Chile, Colômbia, México e Perú, países onde a pesquisa também é feita.

Com base nos resultados do IDH-CN, a Natura organiza ações e concentra esforços em áreas de maior necessidade. O último índice foi divulgado em 22 de setembro de 2020, dia da consultora e do consultor de beleza. Houve um avanço de 3,1% do IDH-CN em relação a 2017. O índice também mostrou que um ano de trabalho como consultora aumenta o IDH da pessoa em 1,8%.

Em medições mais específicas dentro do ranking, houve mudanças mais expressivas, como uma melhora de 26,1% em educação financeira e de 11,5% em saúde. Por outro lado, no quesito cidadania, houve retração de 15,5% entre as consultoras.

Trata-se de um universo de 1,2 milhão de pessoas espalhadas pelo país. São 92% mulheres, 67% casadas, 78% com filhos. Em média, têm 12,4 anos de estudo, ante 9,3 anos do brasileiro em geral.

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