Norma Lilia: troca de país, saudade da dança e conexão eterna com Brasília

(Metrópoles) – Norma Lilia teve a sorte de saber cedo na vida o caminho que queria traçar. Apaixonada por dança desde os quatro anos, a goiana se dedicou aos estudos de balé clássico e, plié por plié, se transformou em uma bailarina nacionalmente respeitada. Trabalhou ao lado da lendária Ana Botafogo em diversos espetáculos e criou em Brasília, sua cidade do coração, a tão esmerada academia Ballet Norma Lilia Biavaty, que fechou as portas em 2019, após 47 anos de aplausos, devido a uma desavença familiar. O ponto da 108 Sul dará espaço a um restaurante, em breve.

Hoje, após perder o amado estúdio de dança e enfrentar uma pandemia no auge dos 75 anos, Norma afirma que, pela primeira vez, não sabe qual será seu próximo passo. Terá de improvisar, e quer aproveitar os prazeres desse novo ato. Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, ela falou sobre a imprevisibilidade da vida, a saudade dos alunos e a conexão eterna com a capital federal.

Mudança de país

Além de tirar a academia de Norma, a briga familiar (que virou caso de justiça) deixou a bailarina sem moradia fixa em Brasília. Diante da situação, a coreógrafa passou uma longa temporada em Porto Alegre, onde o primogênito de seus três filhos mora.

Agora, está de visita a Doncaster, cidade inglesa onde o herdeiro do meio, Fernando Biavati, reside com a mulher e os dois filhos. “Estou dando uma pausa e curtindo a companhia dos netos. Tem sido maravilhoso”, revela. Ela diz que nutre o desejo de morar no endereço britânico, pelo menos alguns meses do ano. “Tenho um laço forte com esta terra e, sem ponto fixo no Brasil, seria uma boa opção fincar raízes por aqui, perto de entes queridos”, declara.

Saudade dos alunos

O que conforta Norma é saber que, apesar do fechamento prematuro da academia, ela deixou um legado inenarrável ao cenário cultural de Brasília. Não à toa, até hoje, a professora recebe mensagens carinhosas de alunos e admiradores.

“Minha vocação sempre foi ser professora, e receber recados amorosos de ex-alunos me acalenta a alma”, conta. “Me enche de orgulho saber que formei profissionais incríveis e impactei positivamente a vida de tantas pessoas”, continua. Ela diz que, ao todo, são mais de 40 mil alunos que passaram pelo seu finado estúdio de balé.

Conexão com Brasília

Os pés de Norma Lilia foram os primeiros a dançar em Brasília. Ela se mudou para a capital em 1962, dois anos após a inauguração da cidade. Aqui, fincou raízes, criou vínculos e conquistou o título de cidadã honorária.

“Minha saudade de Brasília chega a doer. Vi a cidade crescer, protagonizei os meus primeiros espetáculos na Concha Acústica e presenciei a inauguração do saudoso Teatro Nacional (fechado para reformas desde 2014)”, detalha. “Pretendo visitar a capital sempre que possível. É onde meu coração habita”.

 

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