(6Minutos) A relação de todas as transações e empréstimos que os clientes já fizeram na vida é um dos ativos mais preciosos dos grandes bancos. E é também o bem mais desejado pelas instituições financeiras que chegam agora ao mercado. Saber se você se endivida de forma recorrente, ou se apesar de não ter renda própria possui um rendimento familiar de três dígitos, por exemplo, dá ao banco o caminho das pedras: para quem emprestar (ou não) e o risco que está correndo.
“Eu brinco que o relacionamento bancário é como um videogame. Você vai subindo de nível, passando de fases ao longo do tempo. O open banking transporta você dessa fase em que você estava na instituição anterior para a nova, e com isso o cliente tem acesso a produtos mais competitivos”, afirma Thiago Alvarez, diretor da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital) e representante da entidade no conselho do open banking criado pelo BC.
Nesse sentido, essa infraestrutura levará um conceito como o do cadastro positivo às ultimas consequências –desde o início do ano passado, os birôs de crédito passaram a contar com uma quantidade bem maior de informações sobre a vida financeira dos consumidores, levando em conta nos cálculos de score também os bons hábitos de pagamento.
“Imagina que eu quero tomar crédito, vou lá em um banco e ele me diz: me manda seus dados e faço uma condição específica para você. A segunda fase do open banking já permite isso”, explica Bruno Samora, head de produtos da Matera.
Dúvida é sobre como dados serão processados
Os especialistas ouvidos pelo 6 Minutos afirmam que, daqui para a frente, a dúvida é como cada instituição financeira irá processar esses dados, transformando uma grande quantidade de números em informações úteis.
Para dar um exemplo dos desafios, cada banco tem nomenclaturas diferentes para se referir a itens do extrato bancário. “Padronizamos tudo, mas não o conteúdo que passa dentro dos tubos”, aponta Alvarez, da ABCD.