A inflação nada mais é do que a desvalorização da moeda. Na prática, você precisa de mais dinheiro para comprar os mesmos itens. E ela traz consigo uma perversidade. Por dependerem da renda do trabalho e terem menos instrumentos de proteção contra a desvalorização da moeda, os mais pobres são prejudicados com mais intensidade.

Commodities caras

Soja, petróleo, trigo. Produtos básicos acabam pesando em cadeia sobre a formação do preço na economia. Quando a soja fica mais cara, sobe o preço da ração do boi, que por consequência aumenta o custo da carne, que eleva o preço nos restaurantes e supermercados. O mesmo acontece com o petróleo, com o milho, com o trigo e com o minério de ferro, para citar alguns exemplos.

Consumo em alta

Aqui é a famosa regra de oferta e demanda. Quando muita gente quer comprar, os produtos ficam mais caros. Por outro lado, quando há pouco interesse, eles entram em promoção. Economias aquecidas, com consumidores dispostos para ir às compras, acabam testemunhando uma alta dos preços e, consequentemente, da inflação.

Inflação passada

Impostos, água, luz, gás, pedágios. Todas essas contas são corrigidas anualmente pela inflação do passado, o que cria um efeito inercial para os preços. Se a inflação no passado foi alta, esse movimento é empurrado para o futuro.

Confiança na economia (e no governo)

Quando todo mundo acha que que os preços vão subir, aí eles acabam subindo mesmo, algo que os economistas chamam de “profecia autorrealizável”. Se um produtor está preocupado com os rumos da economia e acha que a inflação vai subir, ele busca formas de se proteger e garantir sua rentabilidade. E uma das formas mais comuns é o aumento preventivo de preços.

Se o real perde valor em relação ao dólar, produtos e insumos importados ficam mais caros. E o repasse nos preços puxa a inflação para cima.

E onde o governo quer atuar com a alta dos juros?

Uma das principais metas do Banco Central é manter a inflação sob controle, e o instrumento que o BC dispõe para alcançar seu objetivo é a taxa de juros. E como ela ajuda a frear os preços?

  • Historicamente, juros altos ajudam a esfriar a economia. Como o custo do crédito sobe, as parcelas de um financiamento ficam mais caras e os consumidores gastam menos, o que força a uma queda nos preços e ajuda a segurar a inflação.
  • Juros mais altos também tornam o investimento na renda fixa no Brasil mais atraente para os estrangeiros, que atualmente convivem com juros muito baixos no mundo todo. Com a entrada de dólares, a moeda norte-americana torna-se mais abundante no nosso mercado e seu preço tende a cair.
  • Há ainda um efeito na expectativa. Quando sobe juros, o Banco Central mostra que está disposto a tomar medidas contra a inflação, mesmo que isso sacrifique outros aspectos importantes, tais como o crescimento da economia ou a geração de empregos. Com isso, inibe os reajustes preventivos de preços e consegue domar a inflação.