Seja interessante, não interesseiro

(6Minutos) – A oportunidade de formar “networking nacional” está sendo anunciada pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) como um dos três grandes atrativos de seus cursos online de férias, ao  lado de “professores consagrados” e da “duração curta”, entre um e cinco dias.

Já a KPMG criou, como novo serviço atrelado aos seus cursos corporativos, a consultoria networking. “Um especialista em treinamento fica responsável por intermediar e potencializar os contatos entre os participantes das aulas que estão acontecendo de forma virtual”, descreve o material divulgado.

A consultora de networking da KPMG Business School, Graziele Silva, explica que a proposta consiste em conhecer a experiência, as necessidades e o momento de cada aluno e, a partir disso, promover eventos online que propiciem conexões por afinidade. “Para potencializar a dinâmica, os encontros online têm um número reduzido de participantes”, ela observa.

Troca de cartões: prática superada

Ambas as iniciativas, desenvolvidas por instituições que são referência no mercado, partem do princípio de que a redução dos eventos presenciais, em decorrência da pandemia, está atrapalhando a aproximação com pessoas que podem abrir portas para a carreira ou os negócios.

Além disso, reforçam a visão de que as pessoas têm dificuldades para buscar por conta própria a ampliação e o reforço da rede de contatos.

Diante disso, surgem algumas questões. Quando a pandemia passar, os eventos presenciais continuarão sendo tão importantes para o networking? A velha prática da troca de cartões terá ainda alguma relevância num mundo repleto de fontes de informação, formas de comunicação e canais possíveis para facilitar a aproximação com quem quer que seja?

Por fim: será mesmo que as pessoas precisam de algum tipo de ajuda “institucional” para fazer “networking”?

Relações genuínas

Para Alexandre Caldini, autor do livro “Networking versus notworking: seja interessante e não interesseiro”, “networking não se ensina, nem se aprende. Networking se vive”. Trata-se, explica ele, da forma como a pessoa age no cotidiano para manter “aquecidas” as relações que considera importantes – e o que faz para trazer novas pessoas interessantes ao círculo de contatos.

Essa visão holística e orgânica de networking é o caminho natural para que as pessoas se ajudem e colaborem umas com as outras de forma genuína, tanto no campo pessoal, quanto no profissional. “É uma troca que inclui a expectativa mútua de equidade no relacionamento”, define Caldini.

 

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