Sobrecarregadas e estagnadas, 20% das brasileiras cogitam largar seus empregos

      • 20% das brasileiras cogitaram deixar seus empregos durante a pandemia
      • 31% delas dizem que não estão progredindo no emprego como desejavam
      • 46% estão menos otimistas com as perspectivas profissionais
      • Aumento de tarefas com a casa e no trabalho estão entre os fatores que prejudicam inserção da mulher no mercado
(6Minutos) – A pandemia foi particularmente cruel com a ascensão das mulheres no mercado de trabalho. Isoladas dentro de casa, elas tiveram que encontrar um jeito de dar conta do trabalho e acumular funções que não tinham antes, como monitorar tarefas escolares dos filhos, fazer comida e cuidar da rotina doméstica. Pesquisa global da Deloitte identificou o impacto dessa situação caótica nas carreiras femininas.De acordo com o levantamento, 46% das brasileiras estão menos otimistas agora com suas perspectivas profissionais do que estavam antes da pandemia. Uma das consequências desse descontentamento é que 20% delas já cogitaram abandonar seus empregos.

O principal motivo apontado para deixar de trabalhar está o fato de que as mulheres ficaram mais sobrecarregadas e isso está afetando seu bem estar físico e mental (veja outras razões mais abaixo).

“Por motivos culturais e pessoais, as mulheres sentem que todo o trabalho com a casa e com os filhos recai sobre elas. Isso coloca mais peso sobre suas costas. Ao mesmo tempo, elas não se sentem confortáveis para dizer aos empregadores que estão sobrecarregadas, que precisam de apoio”, afirma Venus Kennedy, sócia da área de consultoria empresarial da Deloitte.

Falta de apoio x saúde mental

Para piorar esse quadro, mais de um terço das mulheres disseram que não estão progredindo na carreira tão rápido quanto gostariam.Entre as brasileiras, o principal motivo apontado para sentir que estão estagnadas ou menos otimistas com a carreira estão questões de saúde mental (29%). Na média global, a principal queixa está relacionada ao aumento de tarefas com a família e casa (34%).

“Essa diferença entre a média das brasileiras e a global pode ser explicada porque no Brasil a presença família ré mais forte e porque existe uma rede de apoio, como babás, que é mais rara em outros países”, diz Venus.

Menos tempo no emprego

A falta de equilíbrio entre a vida doméstica e a profissional também impacta na expectativa de tempo que as mulheres pretendem ficar no emprego atual. De acordo com o levantamento, quase metade das brasileiras pretende permanecer de um a dois anos na empresa em que estão empregadas.

Outras 13% querem ficar menos de um ano, enquanto 4% já estão procurando outra ocupação. Só 2% acham que conseguirão ficar mais de 5 anos no emprego atual.

Entre os motivos para deixar o emprego atual, a falta de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional foi o principal (18% das brasileiras). Veja outras respostas:

  • Não concorda com propósito ou valores da empresa: 14%
  • Não acho o trabalho interessante: 13%
  • Falta de benefícios: 11%
  • Aumento de tarefas domésticas: 9%
  • Falta de diversidade: 9%
  • Não tenho oportunidade para progredir: 8%

O que fazer para virar esse jogo?

Para Venus, é importante que as mulheres abram o jogo com seus gestores e líderes sobre essa situação de sobrecarga. “Existem momentos em que a vida profissional precisa ser 110, em outros, a vida pessoal que precisa ser 110. A profissional precisa e pode avisar seu gestor que precisa desacelerar, que vai ter que fazer 80%. E tudo bem.”

Mas para que a mulher se sinta segura para se abrir, é preciso que o gestor seja empático o suficiente para entender esse momento de dificuldade do colaborador.

“Muitas não se sentem fortalecidas para pedir espaço e se posicionar nas empresas. Por isso é necessário que os funcionários se sintam livres para contar os problemas sem que isso demonstre fata de comprometimento”, diz Angela.

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